Porquê meditar?
“All problems are illusions of the mind.” - Eckhart Tolle
O que torna seres humanos tão especiais é a sua maravilhosa mente. É um instrumento tão complexo que pode se tornar uma bênção ou uma maldição.
É curioso que precisamos da mente para viver, mas podemos sobreviver uma vida inteira sem saber nada sobre ela. O grande interesse da humanidade reside mais no mundo exterior do que no “interior”. Isto não seria grave, se o entendimento sobre a mente não fosse tão crucial para a qualidade da vida. Ela reflete-se, por exemplo, na alegria e como interagimos com o nosso ciclo social. Por isso é seguro afirmar que a nossa mente molda a nossa vida. Quanto mais a entendemos, mais entendemos os outros, porque somos essencialmente todos iguais. Nota-se progressivamente um interesse por esse “interior”, o autodesenvolvimento e o autoconhecimento, o que explica a crescente popularidade de uma das práticas mais ancestrais da humanidade, a meditação. Surgem mais e mais publicações sobre este tema, centros de meditação. Mas também no mundo da tecnologia a meditação está a ter um grande êxito com as já inúmeras aplicações existentes para os smartphones. Mas quais são os benefícios da meditação e como pode esta prática ensinar-nos algo sobre a nossa mente ou até melhorar a qualidade da nossa vida?
A maioria das pessoas quando pensa em meditação, pensa num estado de êxtase, algo invulgar. Primeiro convém esclarecer, que este conceito popular está errado. Devemos compreender o que realmente significa a palavra ‘meditação’ para depois percebermos os seus possíveis benefícios. A palavra meditação escreve-se “gom” em tibetano, significando “familiarizar-se com” (a mente) e é uma experiência direta com a mesma. Para meditar, segundo Buda, basta repousar a nossa atenção na nossa mente tal como ela é, deixar passar os pensamentos como as folhas no vento.
Qual é o benefício de fazer isto? Ao focar-se no discurso que a mente conta, sofre-se, sendo para a maioria uma fonte de grandes problemas. Ao observar os pensamentos, como folhas no vento, damo-nos conta que não são tão reais e sólidos como achamos. Não são verdades eternas, mas são na verdade momentâneos, frágeis, transitórios e muitas vezes ilógicos. São apenas uma reflexão dos movimentos da mente. Percebendo isto, sentimo-nos mais leves e abandonamos todas as nossas ilusões que nos limitam. A mente é ilusionista e enquanto não percebemos isto, sofremos, porque o que nos atormenta, é um produto da nossa própria mente.
Assim sendo, ao meditarmos regularmente, aprendemos lidar melhor com dúvidas, emoções, pensamentos e o stress que estes possam causar, porque deixamo-nos de identificar com eles. Percebemos as coisas sem preconceitos, sem distorções, o pensamento fica claro como as águas cristalinas, o que por sua vez, nos ajuda ultrapassar limitações pessoais e encontrar a nossa riqueza interior, o nosso pleno potencial. Mudamos como seres e melhoramos drasticamente a nossa qualidade de vida. Controlamos a nossa mente, em vez de sermos controlados por ela. Mas não é só a nossa vida que melhora, a dos outros também é afetada. A percepção de nós mesmos está intimamente ligada com a percepção que os outros têm de nós. Mudando o nosso interior, mudamos simultaneamente o nosso exterior (“…assim na terra como no céu…”) porque o plano mental antecede o plano físico, sendo um o resultado do outro. Assim, tornamo-nos mais alegres e amigáveis uns com os outros. Sentimos que não há nada a temer, nada a desconfiar. Na verdade, sofremos mais por nossa culpa do que pelos outros. O impacto que este repouso tem sobre a mente vai ainda mais além. Existem vários estudos científicos que provam a criação de novos caminhos neuronais, estabelecidos pela meditação praticada continuamente. Trata-se da “neuroplasticidade”, a capacidade inata da mente de se alterar e se restruturar, sendo que a experiência repetitiva altera a atividade cerebral.
Todos gostaríamos de sentir mais autoconfiança e alegria na vida, agora sabemos como o alcançar e tudo o que precisamos é só um pouco de tempo, paciência e um dia de cada vez.