Porque somos prisioneiros? [Parte 1/2]
“You can not escape a prison if you do not know you’re in one.” - Vernon Howard in Mystic Path to Cosmic Power.
A maioria das pessoas não gosta do que está a fazer na vida, sentem-se depressivas, com sonolência, desmotivadas e com falta de energia. Vivem assim a maior parte das suas vidas, encarceradas, tornando-se muito difícil fazer qualquer tipo de mudança na vida.
Porque passamos tanto tempo a fazer coisas que desgostamos e nunca chegamos a fazer as coisas que realmente gostamos? Será que esquecemo-nos que ninguém vive eternamente e que só possuímos uma única vida para realizar os nossos sonhos?
Passei algum tempo a estudar estas questões e descobri que, o nosso “velho condicionamento” é o principal culpado. Mas como se forma esse “velho condicionamento”?
Vivenciámos este velho condicionamento inúmeras vezes durante o dia, através dos pensamentos. Se não prestarmos atenção a estes, podem tornar-se auto-destrutivos em vários níveis, diminuindo por exemplo a nossa felicidade e auto-estima. Lembro-me quando recebia uma nova tarefa, no meu primeiro emprego, surgia de imediato o pensamento “Eu não consigo e eu não sei fazê-lo.” Sentia-me aterrorizado no início até que passei por um momento de auto-reflexão, pensando que era eu que estava a gerar essa dúvida em mim, até porque mais ninguém no meu emprego duvidava das minhas capacidades. Consegui ultrapassar essa fase de dúvida e faço hoje coisas que achava impossível no passado. Devemo-nos lembrar que, quando surgem esses pensamentos de dúvida, não são uma reflexão do nosso verdadeiro potencial, senão uma reflexão do nosso ‘velho condicionamento’, que é formado por hábitos psicológicos e perceptuais arraigados na nossa própria mente.
Quando um bebê nasce, já possui todos os nossos fatores intelectuais, mas ainda não estão desenvolvidos. A mente dum bebê encontra-se muito desperta, para aprender qualquer ideia nova que lhe é ensinada. Os bebês são resilientes e “livres”, por exemplo, de qualquer tipo de medo, ainda não são calculistas, correm riscos de se magoar e por isso dependem dos pais, ou de um adulto, até uma certa idade. Consequentemente, o mundo exterior possui uma influência predominante na vida dum bebê e no que ele se torna. Um bom exemplo disso encontramos em pais cristãos, que acabam por ter filhos cristãos. Essa ideia de Deus é uma das primeiras ideias que o bebê aprende, sem nunca questionar outra opção de religião.
Este exemplo mostra que o condicionamento da mente forma-se ao longo dos primeiros anos e a maioria das pessoas vive nele toda a sua vida. Sentem-se seguros na monotonia dos seus hábitos, que são modelos de pensamento e comportamento, sem nunca se aperceber que são encarcerados pelos mesmos, porque existe um certo conforto na manutenção desses velhos hábitos e um certo medo inconsciente de mudar.
Imaginemos alguém, que está infeliz e decide mudar de emprego ou de relação, pensando, “Desta vez vai ser diferente.” Passado algum tempo, encontra-se exatamente na mesma situação que a anterior, porque voltou a repetir os mesmos hábitos, cometendo de novo os mesmos erros e esperando resultados diferentes. Apesar da vontade de começar algo novo, não se mudou nada sem ser, por exemplo, o local de trabalho.
A maioria das pessoas comete exatamente este erro. Pensam, só porque mudaram de profissão, de cidade, de cônjuge, de roupa ou de carro, que os seus resultados na vida irão mudar. Não se consegue mudar a sala de estar, pintando o exterior duma casa. Se quiser mudar permanente e dramaticamente o seu velho condicionamento, e com ele os seus resultados na vida, tem que mudar o seu interior.
Mas é claro que esta mudança custa e até pode parecer assustadora, porque, como já referido, existe um certo conforto na manutenção desses velhos hábitos e um certo medo inconsciente de mudar. Se nunca houver essa libertação, passa-se a vida inteira encarcerada por medos ilusórios, nunca desenvolvendo potenciais e talentos inatos. Muitos poucos conseguem ultrapassar o velho condicionamento, mas aqueles que o conseguem, tornam-se muitas vezes grandes personagens que marcam a história da humanidade. A boa notícia é que todos conseguem fazê-lo, só resta saber como.